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Projecto

  1. Pensado pela Universidade Fernando Pessoa (UFP), no começo dos anos de 2000, como um projecto de extensão comunitária, essencialmente vocacionado para “trabalho de campo” dos alunos finalistas dos cursos de Medicina Dentária, de Enfermagem, de Fisioterapia, de Terapêutica da Fala e de Análises Clínicas e Saúde Pública, da Faculdade de Ciências da Saúde (FCS), permitindo-lhes uma aprendizagem em contacto com realidades sociológicas dificilmente imaginadas em contexto de sala de aula, o PASOP acaba de completar 15 anos de actividade ininterrupta, por variados caminhos e espaços nacionais e até internacionais.
  2. Se do ponto de vista pedagógico e didáctico – finalidade primeira do projecto – o PASOP tem sido importante como complemento prático da formação dos alunos que preparamos para o exercício de profissões com enorme impacto e responsabilidade social, apraz-nos também sublinhar que o projecto ganhou dimensões suplementares, de alguma forma inopinadas, como meio de sobressalto cívico e formação cidadã, confrontando os alunos com situações sociais para eles impensáveis, de vidas difíceis suportadas com enorme precariedade e praticamente à margem duma sociedade democrática com o mínimo de dignidade pessoal.
  3. Esse sobressalto permitiu, e tem permitido ainda ao projecto, ganhar também uma outra dimensão suplementar, desta feita, de impulso ao empreendedorismo jovem e qualificado, sendo exemplo paradigmático disso a ONG “Mundo a Sorrir”, inspirada pelo PASOP a um conjunto de médicos dentistas formados na UFP que viveram a experiência enriquecedora do projecto, enquanto alunos finalistas. Aliás, a inspiração do PASOP, cujo símil o Reitor da UFP foi buscar à experiência gratificante da sua infância- adolescência com as carrinhas da biblioteca ambulante da Fundação Calouste Gulbenkian, tem servido a outras iniciativas, para além do território académico da UFP.
  4. Outra dimensão suplementar que o PASOP teve, e tem, dada a sua actuação em todo o território nacional e, por vezes, em lugares de profunda interioridade, foi, e ainda é, contribuir para o conhecimento dos alunos da geografia física e cultural do país e para o aumento da sua literacia política, pelo contacto directo com a governação autárquica e com o suporte que é dado ao funcionamento do país pelas Juntas de Freguesia e pelas Instituições Particulares de Solidariedade Social como os Centros Sociais e Paroquiais e as Misericórdias com as quais o projecto muito tem colaborado.
  5. Actuando em todo o território nacional, como se disse, e envolvendo-se, nestes quinze anos de vida, no apoio a iniciativas culturais e desportivas, como romarias, exposições-feiras de educação organizadas por municípios e escolas, a Volta a Portugal em Bicicleta; a manifestações religiosas como as peregrinações a Fátima, com prestação de cuidados aos peregrinos, o PASOP tem possibilitado também o desenvolvimento do espírito de voluntariado e de solidariedade entre os alunos da UFP, futuros profissionais ao serviço da melhoria das condições de vida das comunidades, donde provieram para a universidade ou aonde irão organizar a sua vida activa.
  6. Alguns dos alunos tiveram também a possibilidade de viver com o PASOP experiências internacionais, como aquela que o projecto teve na Corunha e, em especial, aquela que lhes foi dado viver em Angola, onde, durante mais de um mês, puderam não só realizar os rastreios de higiene oral, de osteoporose, de glicemia, de pressão arterial e de patologias de aquisição e de desenvolvimento da linguagem, mas também envolverem-se em intensas acções pedagógicas de educação para a saúde e de formação de técnicos de saúde locais, a convite do Ministério da Saúde angolano.
  7. Durante os 15 anos de actividade, o PASOP já realizou mais de 160 mil rastreios e constituiu uma base de dados preciosa, para trabalhos de investigação de alunos e professores quer no domínio da epidemiologia e da saúde pública quer nos domínios da psicologia social e do comportamento, da demografia e da sociologia do desenvolvimento humano, tendo envolvido mais de 600 finalistas dos cursos de saúde acima referenciados, acompanhados por uma equipa multidisciplinar de profissionais da medicina dentária, da enfermagem, da fisioterapia, da da fala e das análises clínicas, todos formados pela UFP, que funcionam como auxiliares de ensino, devidamente sintonizados com os professores das diferentes disciplinas em prática pedagógica e trabalho de campo, no projecto.
  8. Nos últimos 5 anos, realizámos perto de 60 mil rastreios, tendo sinalizado umas centenas de situações que foram encaminhadas ou para os médicos de família ou para as próprias clínicas pedagógicas da UFP, onde as pessoas necessitadas de tratamento dentário, de fisioterapia e de terapia da fala puderam receber os cuidados de que precisavam a custos praticamente residuais para elas.
  9. A sustentabilidade financeira do projecto tem sido garantida maioritariamente pela Fundação Fernando Pessoa, entidade titular da UFP e, de há quatro anos, também do Hospital-Escola da universidade em que o PASOP também se apoia. O projecto tem conseguido complementar o esforço da Fundação Fernando Pessoa com patrocínios significativos como o foram o da Fundo “José Fernandes” gerido pela Fundação Rockfeller, e o da Ratiopharm, uma multinacional de medicamentos genéricos. Infelizmente, estes dois importantes apoios, devido à conjuntura económica dos últimos 5 anos, não puderam continuar com o mesmo grau de envolvimento. Fomos, entretanto, conseguindo alguns apoios da BP (essencialmente em combustíveis para as 2 unidades móveis do projecto, devidamente equipadas com consultórios dentários e salas de atendimento de enfermagem e de fisioterapia), dos Delta Cafés e da Roche Diagnostics, entre outros menos relevantes.
  10. O orçamento anual do PASOP ultrapassa ligeiramente os 60 mil euros, destinados a aquisições de consumíveis e meios de diagnóstico e ajudas de custos das deslocações dos 5 enfermeiros, 4 médicos dentistas e 4 terapeutas da fala, que constituem a equipa de profissionais auxiliares de ensino, que acompanham os alunos finalistas e supervisionam e orientam a sua aprendizagem.

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